sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O recheio de dentro

Leonardo Yuji Higashinaka – 7º B


            Todo dia começava do mesmo jeito na escola, o aluno chamado Felipe (meu amigo), que era muito gordo e baixinho, ia triste à escola, porque era isolado. Nem eu amigo dele era, mas tudo mudou devido a um fato interessante...
            Na escola grande, com imensas janelas, um pátio enorme, estava eu, com meus velhos amigos: o Fred, que era muito forte e barulhento, e o Milton, que era mais forte que Fred e muito mais barulhento. E também tinha o grupo das meninas, e o Felipe.
            Nós estávamos comendo lanche no pátio, mas Felipe veio do nosso lado e falou:
-        Posso ser seu amigo?
-        Claro que não! - disse o Fred.
-        É verdade! - Milton concordou.
            Eu fiquei pensando: “Por que não o conhecemos melhor antes de rejeitá-lo?”. Mas Felipe foi embora.
-        Ei!! Amigos, por que não vemos se ele é legal? - eu disse com raiva.
-        Ele é muito chato, lento e inútil! - Fred ficou muito bravo.
-        Se quiserem, mato-o agora mesmo! - Milton exclamou.
            Então a briga começou no pátio, eu contra os meus “amigos” grandes e monstrengos. Num piscar de olhos, o pátio virou um ringue. Todo mundo da escola estava lá, vendo-me ser espancado por meus próprios amigos.
            E o Felipe também estava olhando a luta, muito triste.
            Fred me socava e Milton também. E todo mundo dava risada de mim, parecia que eu era o Felipe isolado.
            Mas um grito forte e agudo dos fundos parou a luta e a gritaria. Era o Felipe, com suas lágrimas caindo de seus olhos azuis, que falou:
-        Parem, parem! Parem de brigar! Não aguento mais ver isso! Vocês são amigos, não tem por que brigarem desse jeito! Vocês são amigos...
            Eu fiquei espantado com sua reação.
            Meus amigos também ficaram. E a briga parou.
-        Somos amigos? - disse eu.
-        Somos – Fred e Milton falaram.
            Com isso, Felipe ficou muito feliz. Fred e Milton então falaram:
            - Pessoal, vamos ser amigos do Felipe! Não sabíamos direito se ele era legal pela sua aparência, mas temos certeza de que ele é um bom amigo.
-        Obrigado.
            Então o sinal bateu, e todos foram indo embora. Eu, como meus pais demoraram para me buscar, fiquei sentado no pátio, mas não sozinho, com meu amigo.
            Nesse dia, aprendemos que não importa o tamanho, gordo ou magro, forte ou fraco, o que importa é o recheio de dentro.



O que a timidez esconde

Thais Yukari Yamamoto – 7º C
            Felipe não conseguia se enturmar com os outros alunos de sua classe, pois era muito tímido e sempre era isolado do resto da turma em atividades em grupo. Mas isso foi outrora, agora, Felipe é muito querido pelos seus colegas de classe.
            Sua vida começou a mudar no dia em que um aluno novo sentou-se ao seu lado na aula de Biologia, e, se tinha algo em que realmente Felipe era muito bom, era nessa matéria. Mas, ao contrário dele, parecia que seu colega estava com muita dificuldade para entender a matéria dada e, Felipe, mesmo muito tímido, tentou ajudá-lo:
            - Meu nome é Felipe, percebi que você está com um pouco de dúvida, quer uma ajudinha?
            O aluno novo também aparentava ser tímido, mas percebeu a simpatia de Felipe e respondeu:
            - Oi, meu nome é Daniel, acho que gostaria de uma ajuda, sim. Não sou muito bom em Biologia e, já que esta escola é nova, não sei a matéria que está sendo ensinada. Você poderia me ajudar a estudar? Estou sabendo que vai ter prova semana que vem.
            A partir desse dia, Daniel e Felipe se tornaram amigos. Todos os dias se encontravam para estudar na biblioteca, o que deixava Felipe muito feliz, pois além de fazer um amigo, estava ajudando-o a estudar (Felipe nunca teve com quem estudar).
            Três semanas depois de se conhecerem, tiveram que fazer um projeto para a aula de Biologia, o trabalho ficou no mínimo espetacular. Os dois tiveram que o apresentar para toda a classe e depois teriam também que o expor na Feira de Ciências. Para isso, marcaram uma consulta no psicólogo para tentar perder a timidez, o que deu certo, pois depois da consulta estavam muito confiantes e entusiasmados com a apresentação.
            No dia da apresentação do trabalho, não estavam tensos, pelo contrário, estavam bem calmos.
            A apresentação foi esplêndida, todos os alunos aplaudiram de pé! Explicaram o trabalho com clareza e convicção.
            Depois da aula, Felipe e Daniel estavam na biblioteca e quase todos os alunos da aula de Biologia foram lá parabenizá-los pelo projeto espetacular que tinham feito e os convidaram para ir ao boliche na sexta depois da aula, convite que foi prontamente aceito. Finalmente fizeram amigos!
            Muito felizes, esperaram ansiosamente a sexta-feira.
            - Finalmente ela chegou! Sexta, finalmente! – exclamavam os dois.
            Aquela sexta foi a melhor da vida deles, jogaram até tarde.
Hoje Daniel e Felipe são muito felizes e têm muitos amigos e, é claro, aprenderam a não ser tão tímidos, pois a timidez pode esconder pessoas incríveis.


A carta da verdade

Gabriel Sallorenzo Nogueira – 7º C

            Segunda-feira, a vida começa novamente. Os trabalhadores rurais e urbanos saem de suas casas, deixam suas moradias para ir a outro ambiente. Uma aragem fria e úmida invade as ruas, entra pelas janelas como se lembrasse a todos a vida monótona que levam, chamando-os para a realidade. E na escola não é diferente. Carros param na frente do grande portão metálico onde deixam entes queridos, os futuros homens e mulheres da nação, os que irão dizer se assim será ou se a existência mudará de rumo para sempre.
            Filhos e filhas sonolentos descem dos carros e caminham lenta e cadenciadamente até a janela do conhecimento: a escola. Todos entram pela frente, porém alguém, um indivíduo imperceptível, esguio, entra pelos lados da grande escola.
            Felipe não tinha amigos, talvez nem devesse, afinal, se ele era “tão imprestável” quanto diziam, não deveria se aproximar de ninguém. As frases pejorativas e ofensivas que ouvira em sua antiga escola não lhe saíam da cabeça, como se fossem o cerne de seus pensamentos. Nessa escola, não fora muito diferente. Ele era tão irrelevante nos esportes que sua participação era pífia, nula. Era inteligente, isso sim, o que era evidente por suas notas com máxima exemplaridade. Porém, de que adiantava ter os mais belos tesouros e riquezas se o próprio conquistador não se apercebia disso? Talvez percebesse, mas não quisesse atrair a atenção do público. Queria continuar a ser o distante, o eremita, o perturbado...
            Muitos acreditam que lhes é destinada uma vida azarada e inoportuna. Mas às vezes eles mesmos não percebem a chance de mudá-la, isso não se deu com Felipe...
            Um dia claro, ensolarado, digno de algo grande, amanhecia até mesmo na escola. Na sala, todos sentados esperando a professora dar a ordem. “Tirem uma folha”, disse ela em tom de comando. A muito bem informada disse, já com outras intenções: “nessa, escreverão sobre vocês, porém, tratem especificamente de seus problemas e dificuldades”.
            Felipe percebeu e acolheu a oportunidade. Era isso! Mudaria sua vida para sempre. E então, naquele papel, depositou suas emoções, escreveu com sangue, suor e lágrimas. No final, o resultado foi curto e objetivo e, resumidamente, espetacular. Eis o tal:
            “Há tempos, venho pensando se o mundo é, ou será, justo algum dia. Tenho problemas, todos temos. Porém, os meus não são banais ou corriqueiros, os meus são dignos de uma solução. Todo dia, passo manhãs sozinho, vendo a felicidade alheia. Talvez, algum dia, eu faça parte da vida, da sociedade, talvez possa expor minhas ideias, erros e qualidades. Imagino um dia em que eu abra a porta e pise num mundo real, justo e igual, como eu julgo deveria ser. Gostaria de um dia poder ter amigos, poder falar com alguém além dos meus pensamentos”. E essa foi a porta para a felicidade, Felipe foi, enfim, aceito.
            Este tema é, de fato, digno de uma história. Porém, mostra que, assim como o texto de Felipe, as ideias podem ser resumidas. O discurso, no momento certo, é indispensável, tal qual o foi neste caso. Agora, a questão não é o que Felipe aprendeu, e sim a lição que tomamos disso. Não devemos julgar alguém sem conhecê-lo, mas respeitar as diferenças, e nunca deixar a chance da felicidade escapar pela porta da frente.